Abstract:
Introdução: O quadro de saúde dos povos indígenas no Brasil é complexo e dinâmico, está relacionado ao processo histórico de mudanças econômicas, sociais e ambientais (Santos & Coimbra Jr., 2003). Altas prevalências de déficit estatural (25,7%) tem acometido as crianças indígenas brasileiras e diarreia e infecção respiratória aguda sao apontadas como as maiores causas de internação hospitalar notificada (Horta et al., 2013; Leite et al., 2013; Coimbra et al., 2013). Objetivo: Dentre os menores de 5 anos Pataxo de Minas Gerais: 1) descrever características de nascimento, situação vacinal, acompanhamento do pre-natal e do crescimento e desenvolvimento, perfil de morbidades e acessos aos serviços de saúde; 2) verificar associacoes entre estado nutricional e condicoes de saude observadas. Metodologia: Estudo epidemiológico de base populacional, natureza transversal, com dados coletados em 2011 entre os Pataxó de Minas Gerais. Foram avaliadas 34 crianças (< 5 anos) residentes em 5 aldeias do povo Pataxó, localizadas nos município de Carmésia, Itapecerica e Açucena. A avaliação da situação de saúde utilizou questionário estruturado baseado no Primeiro Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas (Cardoso et al., 2009). A aferição das medidas antropométricas (peso, estatura/comprimento e circunferência da cintura) foi realizada de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde. O presente estudo foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal de São Paulo pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Foram calculadas freqüências de variáveis categóricas e médias (desvios-padrão) e medianas das variáveis contínuas. Para a identificação de diferenças entre as médias utilizou o teste t de Student, enquanto proporções foram comparadas pelo teste do qui-quadrado de Pearson, adotando-se P< 0,05. Utilizou-se o programa SPSS (17.0) para analise dos dados. Resultados: Entre os menores de 5 anos, 55,9% eram do sexo feminino e 44,1% tinham idade inferior a 24 meses. A maioria das crianças nasceu no hospital, e 82,4% das maes tiveram 6 ou mais consultas de pre-natal. Mais de 80% das mesmas estavam com o esquema vacinal em dia a época da pesquisa e havia tomado a megadose de vitamina A. Apenas 8,8% das crianças tinham o registro do acompanhamento do crescimento no último mês anterior a pesquisa. A prevalência de hospitalização nos últimos 12 meses foi de 23,5%, mas nenhuma internação foi devida a infecções respiratórias e apenas uma criança foi internada com diarreia. Ocorrência de diarreia na última semana foi relatada para 17,6% das crianças e tosse para 35,3%. Devido ao fato dos déficits estaturais e ponderais serem inexistentes nesta população e o excesso de peso ter acometido somente uma das crianças, não foi possível verificar a distribuição dos distúrbios nutricionais de acordo com as variáveis independentes, de forma a verificar-se possíveis associações. Conclusões: Comparado com a populacao de criancas indigenas brasileiras, alguns indicadores de saude entre os Pataxo tiveram melhor desempenho, como a baixa prevalência de internação hospitalar reportada para diarreia e IRAs, a alta cobertura vacinal e o percentual de gestantes que tiverm 6 ou mais consultas pre-natal. No entanto, melhorias na periodicidade de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento sao necessarias.